Casos de vida ou morte
Quando Sérgio Milliet “descobriu” Nelson Coelho, salientou “sua técnica inédita em nossa ficção, seu surrealismo surpreendente e um humor crítico voltairiano.” Mas, foi a partir dos contos de “O Inventor de Deus” que o estranho universo literário de N.C. iria conquistar um espaço particular na moderna literatura brasileira. Sua arte muito pessoal de ver o lado mítico das coisas e de mostrar a realidade pelo contraste com o absurdo, atraiu logo leitores que despertavam para aberturas existenciais. Talvez por isso, Hélio Pólvora tenha ligado “Nas Pernas do Longo Rio” ao mundo magico de Herman Hesse: “O Homem de N.C. retoma assim o debate de Hesse – a procura de cada um de nós como fonte de conhecimento. Colocação essa com que discordou Luís Carlos Lisboa: “N.C. Sempre segue seus próprios caminhos, sem as influências que já lhe atribuíram – Hesse, Lispector. Esse estranho e fascinante livro trata do mesmo tema de suas obras anteriores: o encontro do homem com sua realidade interior. É uma obra original e desconcertante”. Quanto ao sentido de invenção literária, José Paschoal Rosetti diz: “… na verdade são uma vanguarda, mas que não está tão na frente. Talvez diante deles estejam Clarice Lispector, um Nelson Coelho, Dalton Trevisan”. Naief safady, fazendo uma abordagem fenomenológica do texto, concluiria:”é preciso que o leitor pare, medite e convenha que está diante de algo novo”. E Fábio Lucas, escrevendo sobre um de seus contos, destacava sua “expressiva surrealidade e profundidade filosófica”.
J. Heydecker, editor de “Casos de vida ou morte”.